quarta-feira, 13 de junho de 2007
A Tagarela está doente - parte 1
Doutora - Então, o que a traz aqui?
Tagarela - Sabe, doutora, sinto-me muito cansada... Fisicamente, sobretudo...
Doutora - Mas tem feito esforços físicos fora dos habituais?
Tagarela - Glup... Aaahh, não propriamente, doutora, quer dizer, durmo pouco ou até durmo um número razoável de horas, mas acordo de noite pelas mais variadas razões: tenho de dar água a uma, tenho de apanhar a chupeta que caiu ao chão a outra... enfim, nunca é bem uma noite seguida de sono.
Doutora - Pois...
(Silêncio. Doutora à espera e Tagarela sem saber o que dizer).
Tagarela - Depois, também há outra coisa, doutora, é que às vezes acordo com uma dor no peito muito profunda...
Doutora - Aquela de que já me tinha falado ao telefone...
Tagarela - Sim... quer dizer, agora assumiu uns contornos diferentes...
Doutora (suspirando) - Que contornos?...
Tagarela - Hã... Dói-me no fundo do esófago...
Doutora - A-ah...
Tagarela - É uma dor espasmódica, forte. Só passa quando tomo um calmante...
Doutora (morrendo de tédio) - A-ah... Pois...
Tagarela - Pois...
Doutora - Olhe, vai ter de ir a uma consulta de psiquiatria, sabe? Pode achar que é só cansaço, mas quanto a mim isso é uma depressão. Você está é deprimida.
Tagarela (arregala os olhos, assim tipo Puierluigi Collina) - Deprimida? Eu? Depri... Naaã, doutora, eu sinto-me bem! O que eu queria era parar, tirar férias, abrandar o ritmo...
Doutora (tira os óculos e olha para Tagarela pela primeira vez) - Mas as aulas não vão acabar? As férias não vão já começar?
Tagarela (a tampa da panela de pressão começa a chiar...) - Só tenho férias a partir do final de Julho...
Doutora (volta a colocar os óculos, entediada) - Pois...
Tagarela - O que eu queria saber era se a doutora me podia receitar mais calmantes...
Doutora - Sim, receito. E vou passar a guia para ir ao psiquiatra, mais umas análises ao sangue e à urina.
(Doutora escreve, escreve, escreve...)
Doutora - Tome! (Entrega a Tagarela papelada inútil). Depois apareça cá a dar notícias, tá?
Tagarela (observando a papelada inútil) - Pois... e os calmantes, doutora?...
Doutora - Ah, sim, sim... (Voltando a debruçar-se sobre a secretária e escrevendo...) Tome, aqui está. (Entrega a Tagarela a única coisa que realmente interessava). As melhoras e apareça!
Tagarela (pegando no raio da receita) - Tá, ok, doutora! Bom dia e obrigada!
(Tagarela sai e fecha a porta).
THI ENDE
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