terça-feira, 19 de junho de 2007

A Tagarela está doente - parte 3



Não liguem aos meus delírios manifestados no post anterior... É claro que não matei a médica!!!!!!!!!
Seus tontinhos! Achavam que a Tagarelazinha ia mesmo matar a médica??!!! Com uma faca de cozinha ainda por cima?! Pá, pousem lá o raio do telefone! Sim, tá bem, a polícia vai mesmo acreditar... Vá, pousem o auscultador. Ainda por cima os senhores do 112 estão agora a jantar...

Mas o que eu queria mesmo, mesmo era tecer umas breves reflexões sobre o que se passou nesta consulta.

Quando um médico de clínica geral suspeita de que um doente sofre de um transtorno depressivo deve, obviamente, reencaminhá-lo para uma consulta de especialidade em vez de meter a foice em seara alheia e desatar a receitar antidepressivos. Até aí, tudo bem.

Mas não pode apressar o diagnóstico e descartar-se do doente, só porque ele manifesta cansaço e porque parece somatizar algumas das suas emoções mais negativas. Há que saber se o doente se sente infeliz, triste, se sente ausência de prazer perante as pequenas coisas da vida...

No meu caso, uma ansiosa crónica, que liga o complicador frequentemente e vê numa migalha uma mega-padaria... o cansaço físico, a falta de energia, a irritabilidade decorrem da conjugação duas filhas pequeninas + marido cansado e pouco colaborante nas actividades domésticas + trabalho na escola + trabalho em casa (inesgotável).

Porque não me sinto triste, nem infeliz e continuo a rejubilar com as pequeninas coisas da vida: dormir confortavelmente, com um homem fantástico ao meu lado, e ouvir a chuva a cair lá fora (apesar de já estarmos em Junho...); ver a luz de espanto e descoberta nos olhos da minha princesa mais pequenina, quando vê dezenas e dezenas de bolinhas de sabão a esvoaçar no ar; alapar no sofá às segundas-feiras à noite e ver na Fox o House e as Donas de Casa Desesperadas; beber um belo copo de água quando se está com muita, muita, muita sede; sentir o prazer de um banho quentinho e aconchegante ao fim de um dia de trabalho; olhar para os dedinhos dos pés das minhas quiquinhas e achá-los os mais perfeitinhos e delicados do mundo; rejubilar com uma massagem nas pernocas feita pela esteticista depois da depilação...

Quem se sente feliz com tão pouco não pode estar deprimido.

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