terça-feira, 16 de outubro de 2007

Acção terrorista



www.ldainfos.com/.../afghanistan/talibans.JPG

No fim da aula, apanhei bocadinho por bocadinho de uma borracha desfeita.

Enquanto escrevia no quadro, os talibans da minha turma de 7.º ano bombardearam-se uns aos outros, nas minhas inocentes e desprevenidas costas, em silêncio. Não num silêncio puro, diga-se. Era mais um silêncio contido, prestes a rebentar em gargalhadas.

Sempre que me virava para a turma, explicando o que ia escrevendo no quadro (ou escrevendo o que ia explicando, nem sei bem), olhava-os a todos, de relance: uns, de caneta em punho, passavam os apontamentos no caderno (pelo menos, parecia); outros remexiam-se nas cadeiras, esbugalhavam os olhos e hesitavam entre ver a minha reacção e fingir que trabalhavam.

Não se ouviam vozes, nem risos, nem fungadelas, nem nada. Só o giz a deslizar no quadro e eu a mastigar palavras e palavras. Mas eu sentia que havia qualquer coisa no ar... Sabia que algo esvoaçava atrás de mim, que estava sozinha naquela sala de aula, só eu me ouvia.

Não apanhei nenhum em flagrante, filhos da mãe. Só esboços marotos de sorrisos.

Entreguei hoje a participação disciplinar à Directora de Turma.

Quanto à totó da história, ainda guarda os bocadinhos de borracha na carteira, juntamente com umas moedas, uma vareta de um guarda-chuva e um botão de umas calças.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Mudar de vida - parte 2

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in Baby Blues, de Jerry Scott e Rick Kirkman

Ou, então, só dormir e sonhar em paz.

Mais nada.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Mudar de vida



jamour.blogs.sapo.pt/arquivo/00.jpg

Hoje, estou num daqueles dias em que sinto que tenho de mudar de vida.

Tenho de me alimentar melhor.
Tenho de fazer exercício físico.
Tenho mesmo de aproveitar as coisas boas da vida.
Tenho mesmo, muito mesmo, de dormir mais.
Tenho de mudar de emprego. Aliás, de profissão.

Já me passaram pela cabeça pilhas de ideias, umas mais concretizáveis, outras quase impossíveis. Em todas elas, sonho e descanso um pouco. Depois, acordo e volto com suspiros e ais à vida, tão nítida e clara.

Enfim, falta-me o tal golpe de asa...

Se me dessem dois dias de folga, sem a Soraia Vanessa e a Jaqueline Isadora, faria duas coisas.

No primeiro dia, deitava-me no sofá e ia vendo televisão e dormindo. Levava um tabuleiro com comida e bebida, claro, para não ter de me levantar. Mais nada.

No segundo dia, saía cedo de casa e ia para a terra, mexer nela, cavar buracos, alisar, fazer montinhos... Entretanto, desmaiava, porque me apareciam minhocas nojentas. Mas voltava a acordar e continuava com a minha terapia: metia sementes na terra, regava plantas, apanhava limões, lavava o material de jardinagem e arrumava-o. Tomava banho e cortava as unhas, cheias de terra.

(Nota - É evidente que não faria nada disto, pois entretanto já tinha morrido de saudades das minhas avezinhas. Além de que não tenho terra a não ser a dos vasos.)