terça-feira, 16 de outubro de 2007

Acção terrorista



www.ldainfos.com/.../afghanistan/talibans.JPG

No fim da aula, apanhei bocadinho por bocadinho de uma borracha desfeita.

Enquanto escrevia no quadro, os talibans da minha turma de 7.º ano bombardearam-se uns aos outros, nas minhas inocentes e desprevenidas costas, em silêncio. Não num silêncio puro, diga-se. Era mais um silêncio contido, prestes a rebentar em gargalhadas.

Sempre que me virava para a turma, explicando o que ia escrevendo no quadro (ou escrevendo o que ia explicando, nem sei bem), olhava-os a todos, de relance: uns, de caneta em punho, passavam os apontamentos no caderno (pelo menos, parecia); outros remexiam-se nas cadeiras, esbugalhavam os olhos e hesitavam entre ver a minha reacção e fingir que trabalhavam.

Não se ouviam vozes, nem risos, nem fungadelas, nem nada. Só o giz a deslizar no quadro e eu a mastigar palavras e palavras. Mas eu sentia que havia qualquer coisa no ar... Sabia que algo esvoaçava atrás de mim, que estava sozinha naquela sala de aula, só eu me ouvia.

Não apanhei nenhum em flagrante, filhos da mãe. Só esboços marotos de sorrisos.

Entreguei hoje a participação disciplinar à Directora de Turma.

Quanto à totó da história, ainda guarda os bocadinhos de borracha na carteira, juntamente com umas moedas, uma vareta de um guarda-chuva e um botão de umas calças.

2 comentários:

Alda Serras disse...

Sabem-na fazer...

Os meus, mais inexperientes, usam pedacinhos de papel mastigado, que sopram ruidosamente através das canetas esventradas e nem sequer escondem "a arma do crime". No meu cacifo, a colecção de objectos apreendidos vai aumentando.

Tagarela disse...

Bois eu gondinu-u gom os bogados de borracha da binha cardeira... (Beço deculba, bas esdou gonsdibada).