segunda-feira, 30 de abril de 2007

Os Dez Anõezinhos da Tia Verde-Água



Mais um dia que acabou.

Olho à minha volta e observo, incrédula, as centenas de coisas que tenho por fazer.

Apetece-me chamar a Tia Verde-Água e com ela desabafar, mas não sei se os meus dez anõezinhos chegam para me ajudar...

Para quem não conhece este conto tradicional:

OS DEZ ANÕEZINHOS DA TIA VERDE-ÁGUA

Teófilo Braga

Era uma mulher casada, mas que se dava muito mal com o marido, porque não trabalhava nem tinha ordem no governo da casa; começava uma coisa e logo passava para outra, tudo ficava em meio, de sorte que quando o marido vinha para casa nem tinha o jantar feito, e à noite nem água para os pés nem a cama arranjada. As coisas foram assim, até que o homem lhe pôs as mãos e ia-a tosando, e ela a passar muito má vida. A mulher andava triste por o homem lhe bater, e tinha uma vizinha a quem se foi queixar, a qual era velha e se dizia que as fados a ajudavam. Chamavam-lhe a Tia Verde-Água:

– Ai, Tia! vocemecê é que me podia valer nesta aflição.

– Pois sim, filha; eu tenho dez anõezinhos muito arranjadores, e mando-tos para tua casa para te ajudarem.

E a velha começou a explicar-lhe o que devia fazer para que os dez anõezinhos a ajudassem; que quando pela manha se levantasse fizesse logo a cama, em seguida acendesse o lume, depois enchesse o cântaro de água, varresse a casa, aponteasse a roupa, e no intervalo em que cozinhasse o jantar fosse dobando as suas meadas, até o marido chegar. Foi-lhe assim indicando o que havia de fazer, que em tudo isto seria ajudada sem ela o sentir pelos dez anõezinhos. A mulher assim o fez, e se bem o fez melhor lhe saiu. logo à boca da noite foi a casa da Tia Verde-Água agradecer-lhe o ter-lhe mandado os dez anõezinhos, que ela não viu nem sentiu, mas porque o trabalho correu-lhe como por encanto. Foram-se assim passando as coisas, e o marido estava pasmado por ver a mulher tornar-se tão arranjadeira e limposa; ao fim de oito dias ele não se teve que não lhe dissesse como ela estava outra mulher, e que assim viveriam como Deus com os anjos. A mulher contente por se ver agora feliz, e mesmo porque a féria chegava para mais, vai a casa da Tia Verde-Água agradecer-lhe o favor que lhe fez:

– Ai, minha Tia, os seus dez anõezinhos fizeram-me um servição; trago agora tudo arranjado, e o meu homem anda muito meu amigo. O que lhe eu pedia agora é que mos deixasse lá ficar.

A velha respondeu-lhe:

– Deixo, deixo. Pois tu ainda não viste os dez anõezinhos?

– Ainda não; o que eu queria era vê-los.

– Não sejas tola; se tu queres vê-los olha para as tuas mãos, e os teus dedos é que são os dez anõezinhos.

A mulher compreendeu a causa e foi para casa satisfeita consigo por saber como é que se faz luzir o trabalho.


THE END

quinta-feira, 26 de abril de 2007

300

Recentemente, celebrei seis felizes e doces anos de casamento.

A avó ficou com as Tagarelinhas e os papás foram ao cinema, após um almoço calmo e delicioso. Fomos ver o 300, que relata a história de uma batalha entre Leónidas e 300 soldados espartanos e o poderoso exército persa de Xerxes.

Soube bem ver este filme, não só pela espectacularidade e beleza das imagens, mas também pelos princípios e valores morais que perpassaram toda a trama.

Aqui está um cheirinho do filme:



Não diz os R's

http://www.olharvital.ufrj.br/2006/imagens/edicoes/053/boacausa.jpg

- Ó mamã, quando e'as pequenina, também falhavas male?
- Falava, pois! Em vez de dizer frigorífico dizia "firovíchico".
- Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
- E sabes como é que o primo Nuno dizia pão com manteiga?
- Não...
- "Abutequi".
- A sé'io?! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
- E em vez de copo de água, ele dizia "narráua".
- Ih! Ih! Ih! Ih! Ih! Ih!.... Ó mamã, conta out'a bês.
(...)

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Bolo Fofo de Chocolate


Esta imagem é a do bolinho de aniversário da minha tagarelinha mais velha, que fez 4 anos em Março. Dado que se aproximava o período pascal, nada como recriar um ninho de Páscoa, com ovinhos, galinhas, coelhos e, claro, amêndoas. O amarelo dos fios de ovos faz sempre um bonito contraste com o castanho-chocolate.


Como a Mariana fez anos num sábado, celebrou o seu aniversário com os
amiguinhos do infantário na segunda-feira seguinte. O bolo que levou teve uma decoração diferente, embora tivesse usado igualmente fios de ovos, coelhinhos e galinhas, mas a receita é exactamente a mesma!

O bolo é óptimo, a massa é fofinha e nada seca, graças às claras em castelo e ao pouco tempo de cozedura de que necessita. É ideal para festas de crianças ou para um chá das cinco.

A receita foi-me dada pela minha sogra, que, por sua vez, tirou-a da Tele-Culinária, do conhecido Chefe Silva.
Ei-la, para quem quiser experimentar e adoçar a vida!

Bolo Fofo de Chocolate

Ingredientes

  • 6 ovos (6 gemas + 6 claras)
  • 75 g de cacau em pó;
  • 1 dl de água quente;
  • 250 g de farinha;
  • 3 colheres (chá) de fermento em pó;
  • 300 g de açúcar;
  • 1 colher (café) de sal fino;
  • 1 dl de óleo;
  • 1 colher (sopa) de açúcar (para as claras);
  • margarina q.b. (para untar a forma).
Modo de preparação

  • Comece por aquecer o forno e untar generosamente a forma com a margarina;
  • Dissolva o cacau na água quente e deixe arrefecer;
  • Bata as gemas com o açúcar;
  • Acrescente a farinha e o fermento, o açúcar, o sal fino, o óleo e o cacau já dissolvido na água e bata muito bem;
  • À parte, bata as claras em castelo – quase no fim, adicione a colher de açúcar para que fiquem bem seguras;
  • Ligue muito cuidadosamente as claras à massa, mexendo de baixo para cima e bem devagar;
  • Leve a cozer em forno moderado (180º) – se for numa forma rectangular 21x34x5 cm, demora aproximadamente 40 minutos;
  • Durante a cozedura, não convém abrir o forno, nem bater com a porta, principalmente na primeira meia hora.

Bom apetite!

domingo, 22 de abril de 2007

"O hábito não faz o monge"



Mulher que é mulher gosta de roupa. Que seja gira e que haja muita. E quem diz roupa, diz sapatos, ou acessórios, ou maquilhagem... Enfim, cada uma tem a sua especialidade.

Até há bem pouco tempo, eu era assim - vaidosa, preocupada com todos os pormenores da minha apresentação física, atenta a todas as tendências de trapos e sapatos, felizmente lúcida e moderada (para bem da minha bolsa).

Acontece que, de repente, comecei a padecer de acessos de simplicidade e de ataques de "vida prática". Isto é, sou capaz - quem diria? - de ir para a rua sem relógio, sem brincos, sem colares (anéis e pulseiras nunca me interessaram)... Sem maquilhagem, sem perfume...

O que se passa comigo? Eu não era assim!

Felizmente, vou com banho tomado, vestida e calçada, para não suscitar vergonha na família e na vizinhança. Mas, realmente, eu estou diferente.

Há várias razões que explicam esta falta de vaidade: primeiro, as minhas tagarelinhas absorvem-me muito do meu tempo - tempo para ver montras, tempo para experimentar roupa, tempo para cuidar dessa roupa...; segundo, as mesmas tagarelinhas precisam mais de roupa nova do que eu, já que o corpinho delas, bem nutrido e ginasticado, cresce e pede tamanhos maiores, pelo que os meus euros escorrem generosamente para a secção infantil; terceiro, não preciso de muita roupa para ser feliz.

E, pronto! É esta a mensagem que aqui vos quero deixar: não é preciso mesmo ter muitas coisas para estarmos bem, apresentáveis, bonitos e sedutores. Ir a uma loja, comprar umas calças e dizer "gostaria de ter aquela camisa e aquela saia e o cinto a condizer e a colecção todinha, mas, ok, não posso e sinto-me bem como estou" é uma benção; o contrário, é uma escravidão doentia.

Acho piada a uma moda que parece fazer furor nestes dias mais quentes... Já viram os adolescentes com aqueles sapatos de sola de borracha e de pala, em tecido grosso? Alguns têm quadrados, outros têm caveiras!!! Uns custam 10 euros, outros custam quase 70 euros (são de marca, já se vê...) O que é deliciosamente irónico nisto tudo é que, no meu tempo, só o meu avô e outros velhinhos é que usavam estes sapatos!!!! Se eu tivesse usado uns, quando tinha 15 anos, seria eleita a Miss Parola para o resto da eternidade!!!

Afinal de contas, a moda é ou não passageira? Vale bem a pena fazermos disparates por coisas tão básicas e fúteis? Somos ou não somos seres livres?

Até amanhã! E bom início de semana!

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Suspenderam a TLEBS

Não é que a nova Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário foi suspensa?!

Dá para acreditar?

E se dúvidas existirem, é só consultar a portaria n.º 476/2007, publicada hoje em Diário da República, a qual determina a suspensão da Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário (TLEBS), uma vez que se detectaram "alguns termos inadequados", assim como "dificuldades nas condições científicas e pedagógicas da sua generalização".

Então e só agora é que os senhores do Ministério descobriram isto?! Estão a fazer pouco de mim, não estão?

Como é que vou explicar aos meus alunos que aquela matéria que exercitaram e até sobre a qual foram testados e avaliados, afinal, já não é objecto de estudo? Os meus alunos levar-me-ão a sério a partir de agora? Pensarão que a professora sofre de delírios excêntricos e que, um dia, decidiu reformular a gramática que sempre lhes ensinaram? É que nunca ninguém lhes tinha falado em complementos preposicionais, em nomes contáveis e não contáveis, humanos e não humanos, em quantificadores interrogativos e relativos a não ser eu!!

E, agora, o que é que eu faço ao manual escolar adoptado, ao livro de exercícios, ao apêndice gramatical, tudo profusamente semeado de conceitos da tlebs? Digo aos meus alunos que aquilo está tudo mal? Passo a tirar fotocópias na escola de outros livros, apesar de o número de fotocópias por professor ser limitadíssimo? Pagam os alunos as fotocópias, depois de terem gasto tanto dinheiro na aquisição do manual e dos restantes materiais?

Há dois aspectos que gostaria de destacar nesta notícia que veio hoje a lume:

a) a suspensão só será exercida a nível do Ensino Básico, uma vez que no Secundário a tlebs será mantida - mas, então, se está pejada de erros e de imprecisões, não deveria ser igualmente afastada do Ensino Secundário? Ainda por cima, com os exames nacionais à porta...

b)
citando o Educare, onde tive acesso a esta novidade, "a Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC) irá elaborar dois documentos de referência - um com a lista de termos e definições destinado apenas a professores e outro com o conjunto de termos a leccionar em cada nível de ensino" - ALELUIA! Alguém se lembrou de que é necessário dar indicações precisas sobre "o que ensinar da nova terminologia" em cada nível de ensino!! E alguém se lembrou também de que será necessário reformular os programas da disciplina de Língua Portuguesa, do 2.º e 3.º Ciclo do Ensino Básico, o que também é adiantado na tal portaria que referi há algumas linhas atrás (os programas serão revistos até 2009, entrando em vigor apenas no ano lectivo de 2010/2011).

Enfim, isto é inqualificável.

Quem quiser ler a notícia na íntegra, leia aqui.

Até amanhã!




segunda-feira, 16 de abril de 2007

Estores e persianas



A todos os meus milhões e milhões de ávidos e fervorosos leitores, peço desculpa por este meu silêncio. Mas é que não tive realmente tempo, pois diversos assuntos domésticos roubaram-me a serenidade para escrever.

Um dos afazeres a que me refiro relaciona-se com a persiana da minha sala, que se encontra completamente descida, deixando-nos numa penumbra macabra. Vi-me grega para arranjar alguém! O Sr. O. disse que me contactaria, assim que tivesse vaga - até agora!; o Sr. Não Sei Quantos nunca atende o telefone; um serviço de 24h, que se encontra a uns 15 km daqui, cobrava 50 euros apenas pela deslocação, imagino o resto!...

Enfim.

Valeu-me, por grande sorte, o Sr. C., que acorreu rapidamente e com grande amabilidade ao meu pedido desesperado. Segundo consta, o rolamento da persiana deverá estar partido.

Mas não é isso que interessa. O que me intriga é a dificuldade que tive em contratar alguém que me assegurasse o arranjo de uma simples persiana! Será este o negócio da moda?! Deverão as mães das filhas casadoiras aconselhar o enlace matrimonial das ditas com "arranjadores de estores e persianas", promovendo assim a segurança financeira das suas meninas?

(Eis uma questão muito profunda, sobre a qual deveremos reflectir demoradamente).

E, por hoje, é tudo!

Até amanhã!

terça-feira, 10 de abril de 2007

Como conduzir um carrinho de compras



Sempre que vou ao Continente ou ao Jumbo fazer as "compras do mês" (entenda-se, aquisição de mercadoria pesada, volumosa e em grande quantidade), debato-me com um grande problema: a condução do carrinho de compras, já com as ditas cujas, em direcção ao parque automóvel.

É um espectáculo deplorável: eu, desesperada, a caminhar em ziguezagues, tentando não atropelar ninguém, nem chocar contra um poste ou parede. Invariavelmente, caem sempre algumas compras, tipo o pacote de papel higiénico ou a caixa de pensos higiénicos. Enquanto as apanho - isto, se não sofro a humilhação de alguém as apanhar por mim... -, o carrinho continua a deslizar, o grande estúpido.

Já no parque, (geralmente estaciono no subterrâneo), a tarefa afigura-se-me hercúlea e não sei o que é mais preocupante: se o risco que corro de ser atropelada por algum veículo que por ali circule, se o risco que o veículo corre de apanhar com um carrinho de compras em cima.

Mas, hoje, descobri a fórmula mágica para evitar este triste e desdignificante espectáculo circense!!!!!!!!! Trata-se de empurrar o carrinho muuuuuuito de-va-ga-riiiiii-nho... Mas mesmo muuuuito devagariiinho...

Agora, há que desenvolver a técnica!!

Até amanhã!

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Passamos pelas coisas sem as ver...




"Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos."

(Poema de Eugénio de Andrade)

Trabalho a tempo inteiro



Sempre ouvi dizer que tomar conta de crianças era um trabalho a tempo inteiro...

Pois confirmo e reafirmo!

Hoje fiquei com as minhas duas tagarelinhas em casa, no meu último dia de férias. Trocar fraldas, preparar refeições, dar a comidinha à boca, arrumar a cozinha, arrumar brinquedos, pôr as crianças na cama para fazerem a sesta, arrumar novamente brinquedos, procurar uma meia anti-derrapante desaparecida, voltar à cozinha para preparar o lanche, dar a comidinha à boca, voltar a arrumar a cozinha, arrumar novamente brinquedos, pôr roupa a lavar, estender roupa, dobrar roupa, dar cabeçada na porta da máquina de secar, fazer o jantar, dar a comidinha à boca, preparar crianças para o soninho da noite, deitar crianças... ufa, ufa, ufa... Não sobra tempo para mais nada!!!

Neste momento, e de dentinhos já lavados, a Mariana vai para a cama e assim juntar-se à mana, que já dorme. E uma paz serena e reconfortante descerá sobre esta casa, exausta de tanta alegria e brincadeira...

Até amanhã!

domingo, 8 de abril de 2007

Páscoa e ovo Kinder



Hoje é dia de Páscoa, dia de esperanças renascidas, de um novo ciclo que começa.

E eu, pumba!, quebrei o meu princípio de nunca comer doces de manhã e brindei o meu fígado com um bocado de chocolate, logo a seguir ao pequeno-almoço. Aquela minha determinação de aproveitar as renovações pascais, para me reeducar alimentarmente, nomeadamente no que se refere à redução de doces, foi por água abaixo.

A culpa foi de um ovo Kinder de Páscoa, que oferecemos à minha Tagarelinha mais velha. Daqueles grandes.

Ou terá sido culpa minha?!

Quando é que é a próxima Páscoa?...

sábado, 7 de abril de 2007

Arrumações



Tenho um gravíssimo defeito, não sei como o corrija... É que quando arrumo, arrumo melhor do que todas as outras pessoas. Sou o método e a organização levada ao extremo. O pior é que isso dá uma grande trabalheira e, portanto, desanimo facilmente, com todas as consequências que daí advêm. É o caso do meu escritório - não dá para descrever por palavras... Nesta altura, deveria estar a arrumá-lo, tal como prometi a mim mesma, mas forças ocultas empurram-me para longe dele e os meus dedos ficam crispados e os meus músculos numa completa atonia! Parece um pesadelo! Isto ou é desmazelo, ou é preguiça, ou é perfeccionismo. Em qualquer dos casos, é grave.

Até amanhã!