domingo, 22 de abril de 2007

"O hábito não faz o monge"



Mulher que é mulher gosta de roupa. Que seja gira e que haja muita. E quem diz roupa, diz sapatos, ou acessórios, ou maquilhagem... Enfim, cada uma tem a sua especialidade.

Até há bem pouco tempo, eu era assim - vaidosa, preocupada com todos os pormenores da minha apresentação física, atenta a todas as tendências de trapos e sapatos, felizmente lúcida e moderada (para bem da minha bolsa).

Acontece que, de repente, comecei a padecer de acessos de simplicidade e de ataques de "vida prática". Isto é, sou capaz - quem diria? - de ir para a rua sem relógio, sem brincos, sem colares (anéis e pulseiras nunca me interessaram)... Sem maquilhagem, sem perfume...

O que se passa comigo? Eu não era assim!

Felizmente, vou com banho tomado, vestida e calçada, para não suscitar vergonha na família e na vizinhança. Mas, realmente, eu estou diferente.

Há várias razões que explicam esta falta de vaidade: primeiro, as minhas tagarelinhas absorvem-me muito do meu tempo - tempo para ver montras, tempo para experimentar roupa, tempo para cuidar dessa roupa...; segundo, as mesmas tagarelinhas precisam mais de roupa nova do que eu, já que o corpinho delas, bem nutrido e ginasticado, cresce e pede tamanhos maiores, pelo que os meus euros escorrem generosamente para a secção infantil; terceiro, não preciso de muita roupa para ser feliz.

E, pronto! É esta a mensagem que aqui vos quero deixar: não é preciso mesmo ter muitas coisas para estarmos bem, apresentáveis, bonitos e sedutores. Ir a uma loja, comprar umas calças e dizer "gostaria de ter aquela camisa e aquela saia e o cinto a condizer e a colecção todinha, mas, ok, não posso e sinto-me bem como estou" é uma benção; o contrário, é uma escravidão doentia.

Acho piada a uma moda que parece fazer furor nestes dias mais quentes... Já viram os adolescentes com aqueles sapatos de sola de borracha e de pala, em tecido grosso? Alguns têm quadrados, outros têm caveiras!!! Uns custam 10 euros, outros custam quase 70 euros (são de marca, já se vê...) O que é deliciosamente irónico nisto tudo é que, no meu tempo, só o meu avô e outros velhinhos é que usavam estes sapatos!!!! Se eu tivesse usado uns, quando tinha 15 anos, seria eleita a Miss Parola para o resto da eternidade!!!

Afinal de contas, a moda é ou não passageira? Vale bem a pena fazermos disparates por coisas tão básicas e fúteis? Somos ou não somos seres livres?

Até amanhã! E bom início de semana!

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