terça-feira, 10 de julho de 2007

Os irmãos - parte 2



A cena é de uma ternura imensa e já se repetiu uma ou outra vez.

As duas tagarelinhas vão atrás no carro, cada uma na sua cadeira. A mais novinha tem uma das suas birras tempestuosas e ensurdecedoras. Dou-lhe a tata, atira com a tata ao chão; dou-lhe um brinquedo, atira com o brinquedo ao chão; dou-lhe uma bolacha maria, atira com a bolacha maria ao chão - nada a acalma.

De repente, peço à mais velha, ausente no meio de tanta confusão: "Dás a mão à mana?" E ela dá. Os gritos inconsoláveis acabam subitamente. Olho para trás e vejo duas princesinhas que se olham com uma cumplicidade carinhosa - a mais velha, protectora e orgulhosa; a mais nova, de olhos inchados e lágrimas teimosas, confortada e sorridente. Vão as duas de mão dada durante toda a silenciosa viagem.

(Som de baba de mãe a escorrer no teclado).

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